Se o teu cão está constantemente a coçar-se, morder ou lamber a pele, isso pode sinalizar um problema de saúde–possivelmente uma doença de pele.
Tratar estas condições exige dedicação e cuidado. Felizmente, quando são detetadas precocemente e tratadas de forma adequada, a maioria das doenças de pele nos cães pode ser controlada eficazmente ou até resolvida.
Existem vários tipos de doenças dermatológicas em cães, causadas por fatores como parasitas, alergias ou problemas de saúde internos. Vamos explorar três das doenças de pele mais comuns nos cães: dermatite atópica, tinha e sarna.
Dermatite Atópica em Cães
Existem vários tipos de dermatite em cães, mas o mais comum é a dermatite atópica.
A dermatite atópica é uma doença inflamatória crónica da pele, provocada por reações alérgicas a elementos ambientais, como pólen, esporos de bolor, ácaros do pó ou certos alimentos. Esta é a segunda doença de pele alérgica mais comum em cães, sendo apenas ultrapassada pela dermatite alérgica à picada de pulga. Costuma manifestar-se entre as idades de um a seis anos.
Os cães com dermatite atópica sofrem de comichão intensa, o que pode prejudicar gravemente a sua qualidade de vida, sono, humor e apetite. Outros sintomas da dermatite atópica incluem coçar excessivamente, lamber, morder, pele oleosa, vermelhidão, pele espessada e um odor forte semelhante a levedura. A irritação contínua pode levar a infeções secundárias provocadas por bactérias ou fungos.
As zonas mais afetadas costumam ser as orelhas, focinho, olhos, patas (entre os dedos), base da cauda, virilhas, axilas e barriga.
Apesar de qualquer raça poder desenvolver alergias de pele caninas, algumas têm maior predisposição genética, como os Golden Retrievers, Poodles, Shih Tzus, Cocker Spaniels e Bulldogs.
Não existe cura definitiva para a dermatite atópica, e os cães que sofrem desta condição irão reagir sempre que estiverem expostos aos alergénios que a desencadeiam. No entanto, é possível gerir eficazmente os sintomas. O objetivo do tratamento é reduzir os surtos e melhorar o bem-estar geral do animal.
Dependendo da gravidade, o veterinário poderá recomendar o uso de champôs medicamentosos, anti-histamínicos, corticoides ou outras abordagens. Identificar e evitar os alergénios é essencial, mas nem sempre é fácil. Cada caso é único, por isso é importante consultar o veterinário para definir o plano de tratamento mais adequado.
Tinha em Cães
A tinha, também conhecida como dermatofitose, é uma infeção fúngica da pele. A tinha causa lesões circulares que aparecem principalmente na cabeça, orelhas, patas e membros dianteiros.
A doença é provocada por três espécies de fungos: Microsporum canis, Trichophyton mentagrophytes e Microsporum gypseum. A tinha é altamente contagiosa e zoonótica, o que significa que pode afetar também gatos e seres humanos, especialmente crianças.
Sintomas da tinha em cães incluem:
- Perda de pelo (especialmente em manchas circulares)
- Pele escamosa ou com crostas
- Comichão
- Pelos partidos
- Pelagem com aspeto baço
- Pele avermelhada ou ulcerada
- Caspa
- Escurecimento da pele
O contágio acontece por contacto direto com superfícies ou animais contaminados. Os esporos fúngicos podem sobreviver durante anos e basta um para causar infeção. Por isso, tudo o que o cão infetado tocar deve ser limpo e desinfetado rigorosamente. Todos os animais e pessoas em contacto com o cão devem ser observados, mesmo que não apresentem sintomas.
Cães com sistema imunitário fragilizado, má nutrição ou doenças pré-existentes são mais vulneráveis, assim como cachorros e cães idosos.
O tratamento da tinha em cães inclui normalmente medicação antifúngica, banhos frequentes e tosquia do pelo. A recuperação pode demorar pelo menos três semanas, mas casos mais graves podem exigir vários meses de cuidados contínuos. Durante o tratamento, o cão deve ficar em isolamento, e é fundamental seguir as orientações de um veterinário.
Sarna em Cães
A sarna é uma doença de pele parasitária em cães provocada por ácaros microscópicos. Existem dois tipos principais: sarna sarcóptica e sarna demodécica.
Sarna Sarcóptica
Também conhecida como escabiose canina, é a forma mais comum de sarna em cães. É causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, que é redondo, tem oito patas e é altamente contagioso, podendo também afetar seres humanos.
Sintomas da sarna sarcóptica em cães incluem:
- Comichão intensa
- Vermelhidão e erupções cutâneas
- Crostas espessas e amareladas
- Queda de pelo
- Infeções bacterianas e fúngicas secundárias
Embora os ácaros não sobrevivam muito tempo na pele humana, causam forte irritação e prurido. A boa notícia é que a sarna sarcóptica é curável e deve ser tratada o quanto antes.
Sarna Demodécica
A sarna demodécica, ou Demodex, é causada pelo ácaro Demodex canis, que vive profundamente nos folículos pilosos. Esta variante não é contagiosa para humanos, e geralmente é transmitida da mãe para os filhotes durante a amamentação.
Sintomas da sarna demodécica em cães incluem:
- Queda de pelo
- Vermelhidão da pele
- Escamação
- Espessamento da pele
- Inchaços cutâneos
- Comichão
A sarna demodécica pode ser localizada (com sintomas ligeiros e zonas limitadas como a face, tronco ou patas) ou generalizada, com manifestações mais extensas.
A maioria dos cães possui ácaros Demodex sem apresentar sintomas, mas o problema ocorre quando há uma reprodução descontrolada dos mesmos. Geralmente acontece em animais com o sistema imunitário comprometido ou subdesenvolvido, como cachorros ou cães idosos.
Os tratamentos para sarna em cães incluem tosquia do pelo, banhos frequentes com produtos terapêuticos e medicação tópica ou oral para eliminar os ácaros. O veterinário irá definir o tratamento mais adequado consoante a idade, raça e estado de saúde do cão.