1. Cães e gatos separam-se
No tempo em que os Dinossauros reinavam na terra, os mamíferos eram animais pequenos e nocturnos e um grupo com a sobrevivência em risco. Com o declínio e extinção dos dinossauros, os mamíferos tiveram hipótese de explorar o lugar vago deixado por eles. Um dos grupos de mamíferos com mais sucesso foram os Miacídeos ou Miacis, os primeiros mamíferos verdadeiramente carnívoros, com molares e pré-molares adaptados para rasgar e triturar a carne. Os Miacídeos deram origem a várias famílias entre as quais a Miacidae, linha de evolução do cão. Uma outra família foi a Viverravidae, que deu origem aos felinos, marcando assim há cerca de 50 milhões de anos, a separação entre cães e gatos.
2. Primeiro canídeo
Há cerca de 30 milhões de anos, com uma explosão de vegetação, os herbívoros desenvolveram-se e prosperaram. A par deste sucesso, aparecem também diversos tipos de carnívoros, incluindo o Hesperocyon no Norte da América. O Hesperocyon é o primeiro género canídeo e é a partir dele que se vão desenvolver várias ramificações de canídeos, apesar de apenas uma ser bem sucedida. Os animais deste género são ainda pequenos, semelhantes a raposas, com caudas longas, patas almofadadas e corpos musculados.
3. Aparecimento do Lobo
Nos milhões de anos seguintes, várias espécies de canídeos surgem e extinguem-se. É a partir do Leptocyon, animal pequeno ainda semelhante a uma raposa, que surgem os géneros Canis, Urocyon e Vulpes, há 10 milhões de anos atrás. Os canídeos espalharam-se pela Eurásia, onde surgiram os primeiros lobos, jacais, raposas, entre outros.
Há 2 milhões de anos, já se encontram vários tipos de lobos na Europa e há 300 mil anos atrás, o Lobo Cinzento (Canis Lupos) já estava estabelecido neste continente.
4. Domesticação
De todos os predadores que vivem em comunidade, o lobo é, a seguir aos humanos, aquele que se distribui por um território mais vasto. O lobo era o mamífero terrestre mais espalhado pelo globo, mas a matança protagonizada pelos humanos reduziu significativamente os exemplares desta espécie. Acredita-se que os humanos e os lobos partilham uma história conjunta desde há 40 mil anos, apesar de não ser clara a altura da domesticação.
Pensa-se que o lobo tenha sido domesticado há 15 mil anos, mas análises de DNA antecipam essa data em 100 mil anos. Para contrapor esta teoria, os achados arqueológicos são bastantes mais recentes. O cão mais antigo foi encontrado na China, datando do período Neolítico, cerca de 7000 a 5000 a.C. Entre 5 mil a 3 mil anos têm as campas de cães encontrados na Suécia.
5. Trabalho
Sabe-se que é relativamente fácil domar uma cria de lobo se esta for retirada dos pais enquanto pequena. Contudo, experiências feitas dizem-nos que um lobo criado num ambiente humano é muito diferente de um cão criado nas mesmas condições. O lobo é mais independente, mais voluntarioso, tenta resolver os problemas sozinho, entre outras características que não os tornam adequados para partilhar a casa com um humano.
O trabalho é um dos principais motivos apontados para a domesticação do lobo. O Homem utilizou o cão como meio de transporte (cães de trenó, por exemplo), cão de guarda, pastoreio, caça, entre outros, deixando contudo a sua evolução ainda muito dependente das leis da natureza. Os cães adaptaram-se então à geografia do local onde viveram, havendo vários tipos de cães por todo o mundo, mas tendo estes traços muito próximos numa dada região. Assim, os cães ibéricos são muito semelhantes, mas muito distintos dos cães no Norte de África, com clima e terreno muito diferentes. Já os cães nórdicos partilham muito traços em comum, distinguindo-se facilmente dos cães asiáticos.
6. Especialização
No últimos milénios, o Homem começou a intervir cada vez mais na evolução do cão, moldando-o às suas necessidades. As necessidades do Homem começaram a ser mais particulares e não chegava ter um tipo de cão a cumprir o papel de caçador, por exemplo. Era necessário ter cães de parar, cães cobradores de caça, terriers, entre outros. A partir do final do século XVIII, o Homem começou a dedicar-se à constituição de raças caninas. Assim, agudizaram-se as diferenças entre as várias raças mantidas com diferentes finalidades. Desde cães que pesam pouco mais de 1 kg., até outros que chegam a rondar os 100 kg., o cão é um animal com uma grande diversidade de padrões.
Cada vez mais o cão é mantido apenas pela sua companhia, mas a caça e pastoreio são ainda funções desempenhadas por muitos animais. Contudo, o cão nunca deixou de assistir o Homem nas suas várias tarefas e as novas profissões não se limitaram aos humanos. Cães de assistência e busca e salvamento são algumas das novas funções deste animal que constantemente nos tem acompanhado na nossa evolução.