O cão: A dedicação ao serviço do Homem

O cão: A dedicação ao serviço do Homem

Segundo a crença popular, o cão é o “melhor amigo do homem”. Apesar de haver uma forte concorrência de outros animais, a verdade é que o cão já provou diversas vezes a sua dedicação para com a raça humana.

Desde que o lobo se abeirou dos povos primitivos em busca de restos de comida que nasceu uma relação entre o homem e o cão muito para lá da satisfação das necessidades básicas. Com o passar do tempo, o lobo foi domesticado e o humano foi conquistado pelo companheirismo do cão.

Nos primórdios deste relação, o cão protegia a aldeia, servindo inclusivamente de alarme. Este instinto protector foi apurado pelo homem e hoje em dia a função de guarda ou de alarme é ainda muito valorizada nos animais. Contudo, com a dedicação do homem a uma área específica de trabalho, o cão foi “moldado” para o servir nas mais diversas actividades.

1. O Pastor

O instinto de caça do cão foi aproveitado para o tornar uma ajuda preciosa ao pastor. Esta é uma das funções mais antigas dos cães, tendo diferentes raças desenvolvidos diferentes técnicas de pastoreio. Alguns cães, como o Boieiro Australiano, são famosos pelas suas mordidas nos calcanhares, que actuam de forma eficaz no animal foragido. Já o Border Collie actua por intimidação, olhando fixamente para os animais, persuadindo-os a mudar de direcção. Se isso não resultar, vai usando métodos com uma componente física cada vez maior: ladra, mordisca e morde.

2. O Caçador

Ao longo dos séculos, a caça foi provavelmente a actividade humana responsável pelo maior número de raças especializadas. Terriers, cães de levante e corso, cães de parar, cães levantadores e cobradores de caça, cães de água e galgos são grupos de animais utilizados na caça.

Os Terriers eram originalmente utilizados numa caça “livre”. Em casa e pelas aldeias, estes animais predavam os roedores que invadiam as povoações, tais como ratos, ratazanas, etc., atraídos pelas sementes armazenadas. Com o passar do tempo, começaram a ser utilizados para “incentivar” pequenos mamíferos, tais como coelhos, a sair da toca, para que os caçadores os pudessem apanhar.

Os Cães de Parar são cães desenvolvidos para apontar ao dono onde se encontra a presa alvejada. O Pointer é exemplo deste tipo de cães, que fica estático e fixa o olhar na direcção onde se encontra a presa, geralmente uma ave.

Cães levantadores e cobradores de caça, Cães de Água e Galgos são cães desenvolvidos para trazer ao dono a presa que este abateu. O Retriever do Labrador é um cão bastante conhecido deste tipo. Têm de ter uma mordida delicada e reflexos rápidos.
O Transportador

O Husky é provavelmente o cão mais conhecido no que diz respeito aos cães de tipo primitivo. A sua eficiência ao puxar os trenós, necessitando de pouca comida para altos rendimentos, tornou-se essencial para a sobrevivência do Homem nas terras geladas.

O que a maioria das pessoas desconhece é que também outras raças de cães foram também utilizadas para transportas pessoas e produtos. Os molossóides eram, por exemplo, usados para puxar carroças na Europa.

O Militar

O cão acompanhou o Homem nas suas diversas actividades e quando o homem foi para a guerra, o cão seguiu-o. Foram inúmeras as tarefas do cão, desde sentinela a atacante. Os Romanos usavam cães do tipo molossóides, que mais tarde deram origem ao Mastiff Napolitano, nas suas conquistas. Os cães eram equipados com armaduras e coleiras de picos e eram ordenados a avançar sobre as tropas inimigas. Frederico II da Prússia usou na guerra dos Sete Anos, iniciada em 1756, cães como mensageiros. Napoleão manteve cães sentinelas à entrada da cidade de Alexandria para avisar as tropas em caso de ataque.

Alguns cães foram também utilizados pela União Soviética na II Guerra Mundial como armas anti-tanque contra os alemães, tornando-os em cães-bomba. Os cães eram equipados com bombas e, devido a treino e condicionamento, este colocavam-se debaixo dos tanques, altura em que as bombas eram detonadas.

Como reconhecimento pelo serviço prestado na I Guerra Mundial, sobretudo pela valentia e salvamento de soldados, os britânicos criaram uma medalha destinada a cães.

Hoje em dia, os cães continuam a desempenhar um importante papel na guerra. O papel de sentinelas mantém-se, nos acampamentos militares sobretudo durante a noite. Os cães são também utilizados para localizar atiradores furtivos, snipers. Devido ao seu apurado olfacto, os cães conseguem localizar minas, tornando-os muito importantes no trabalho pós-guerra.

3. O Polícia

Apesar de não serem utilizados na guerra, são cães treinados para proteger e atacar sob comando. São usados também como detectores de contrabando, identificação de droga, explosivos entre outras substâncias, tarefa que desempenham com grande sucesso. Uma das raças mais usada como cão polícia é o Pastor Alemão.

4. O Salvador

Os cães são uma ajuda preciosa na busca e salvamento de vítimas de tragédias naturais, tais como o desabamento de terras, terramotos, tsunamis, naufrágios, avalanches, etc. O mito do São Bernardo faz com que toda a gente associe o cão ao resgate de alpinistas nos Alpes Suiços. Já os Terra Nova, imortalizados pelo pintor que veio a dar o nome à pelagem malhada, Landseer, não admitem que alguém entre na água e salvam mesmo aqueles que apenas querem dar umas braçadas na piscina. A televisão faz-nos chegar os relatos mais incríveis de desastres naturais e torna-se já vulgar ver Pastores Alemães, Retrievers do Labrador, Pastor Belgas, Border Collies, etc. a trabalhar em locais acidentados. Cada vez mais se começa a incorporar rafeiros nestas missões.

O Assistente

Depois de serem soldados, pastores, sentinelas, mensageiros, detectives, nadadores-salvadores, vigias, anjos-da-guarda, os cães ainda arranjaram um forma de se tornarem os olhos, os ouvidos e a ponte de ligação ao mundo de muitos deficientes motores, auditivos e visuais.

Estes cães são animais que tocam profundamente a alma de quem ajudam, mas que também comovem os que observam o seu trabalho. Extremamente dedicados, são treinados desde novos para suprir as limitações físicas dos humanos.

Os cães-guia, para invisuais, têm uma trela em metal específica para que o cão possa conduzir a pessoa na rua. Sabem quando e onde atravessar as ruas e mantém-se sossegados na presença de outros cães e mesmo nos atafulhados transportes públicos.

Os cães prestam ajuda também a deficientes auditivos, dando conta ao dono de sons dos quais ele não se pode aperceber, tais como a campainha, alarmes, sirenes, etc. Conseguem ainda indicar ao dono que alguém está a chamar pelo seu nome.

Também as pessoas com limitações ao nível da mobilidade encontraram “novos membros” nos cães de assistência. São treinados para buscar e entregar objectos, o comando da televisão por exemplo, e desempenhar outras tarefas, tais como ligar ou desligar a luz. Os cães de maior porte podem ainda ser ensinados a puxar cadeiras de rodas.

Os cães mais sociáveis são invariavelmente os animais seleccionados para este tipo de trabalhos. É vulgar encontrar-se um Retriever do Labrador ou Golden Retriever a desempenhar estas tarefas.